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Muitos jornalistas ousaram transgredir o processo produtivo e criativo do jornalismo tradicional. NÆo apenas na escolha das pautas, mas também na narrativa - muitas vezes incorporando elementos da literatura - esses profissionais escolheram temas até entÆo fora dos padräes, adotando o chamado jornalismo de bordas. O termo refere-se a um processo jornalístico que privilegia o enfoque nas bordas e franjas da sociedade, concedendo ênfase em personagens desvalidos, em especial aos pobres e miseráveis, normalmente excluídos das pautas. SÆo exemplos desses jornalistas dinamarquês Jacob August Riis, os norte-americanos James Agee e Walker Evans, e o brasileiro JoÆo Antônio Ferreira. No jornalismo de bordas, o repórter atua como observador e, às vezes, personagem da própria matéria. Ele se debate com seu papel de espiÆo e intruso naquelas vidas humildes, se sentindo como um deles e tentando ser o mais fiel aos fatos presenciados. Afinal, levar grandeza e humanidade às vidas que beiram a miséria nÆo é tarefa para qualquer jornalista.

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Luis Fernando Assun‡Æo é jornalista, mestre e doutor em Ciência da Comunica‡Æo pela Universidade do Vale do Sinos (Unisinos). É professor no Unasp, SÆo Paulo, Brasil. Tem experiência de mais de 20 anos em jornalismo. Realiza pesquisas relativas às rela‡äes entre jornalismo e literatura e processos de produ‡Æo no jornalismo.

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