---

Ler as representa‡äes da cidade contemporânea, percebendo a utopia em ruína e os tra‡os infernais das megalópoles em que se vive, faz parte da opera‡Æo poética de muitos artistas. De tema privilegiado, a cidade torna-se problema, vê-se no centro das aten‡äes. Transforma-se em espetáculo, hipótese a ser investigada. É esta hipótese que Pina Bausch explora, numa espécie de polifonia que toma a personagem-cidade como objeto de pesquisa, como personagem que nÆo tem fala, mas que é falada pelo discurso dos outros, pelos desdobramentos do discurso do narrador. Suas cria‡äes (pieces) baseadas em residências, tendo como protagonistas as cidades, sÆo produtos de um campo perceptual específico. NÆo traduzem os aspectos turísticos ou conhecidos dos lugares, mas sim a memória da percep‡Æo de seus bailarinos e dela própria em rela‡Æo a cada local visitado. Acreditando que os lugares ganham identidade por intermédio das pessoas que lá estÆo, Pina Bausch assumiu a temática do urbano e dos corpos quotidianos em suas montagens, sendo esta qualidade da sua aten‡Æo responsável por suas singulares e mágicas leituras das cidades.

---

Bailarina e diretora teatral, Profa. da Universidade Federal de Vi‡osa, Doutora em Teatro, consultora CAPES, Avaliadora INEP-MEC. Atuou como bailarina do Balé da Cidade de SÆoPaulo por 20 anos:prêmios Governador do Estado de SP e APCA/SP. Líder do Grupo CNPq Estudos Integrados em Dan‡a, Teatro, Dan‡a-Teatro. Member of the International Dance Council.

---