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"Da escura abertura do gasto interior do cal‡ado olha-nos fixamente a fadiga do andar do trabalho. Na dura gravidade do cal‡ado retém-se a tenacidade do lento caminhar pelos sulcos que sempre iguais se estendem longe pelo campo, sobre o qual sopra um vento agreste. No couro fica a umidade e a fartura do solo. Sob as solas demove-se a solidÆo do caminho do campo pelo final de tarde. No cal‡ado vibra o quieto chamado da terra, sua silenciosa oferta do trigo maduro, sua inexplicável recusa na desola‡Æo do campo no inverno. Por esse utensílio passa o calado desassossego pela seguran‡a do pÆo, a alegria sem palavras por ter mais uma vez suportado a falta, a vibra‡Æo pela chegada do nascimento e o tremor ante o retorno da morte. · terra pertence esse utensílio e no mundo da camponesa ele é abrigado. É dessa abrigada perten‡a que o próprio utensílio ressurge para seu repousar-em-si." - Martin Heidegger

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Laura de Borba Moosburger realizou gradua‡Æo em Filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre os anos de 2000 e 2005. Em 2007 concluiu mestrado em Filosofia por esta mesma institui‡Æo, o qual resultou no trabalho ora publicado. Atualmente realiza pesquisa de doutorado em Filosofia na Universidade de SÆo Paulo (USP).

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