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Em Euridyce, cada desenho conta uma história e seu conjunto, uma vida: sÆo como crônicas ilustradas de uma infância, passada no Rio de Janeiro, no início do século XX. SÆo evoca‡äes de cenas particulares de afeto, que se passaram durante os primeiros anos de sua vida. Fugidias memórias lembran‡a como num sonho, devaneio ou rasgo de poesia. Sua obra se baseia na transforma‡Æo da memória efêmera em imagens. Eis por que o processo criativo da artista se encaixa nas palavras do pintor James Macneill quando ele diz que "A arte acontece". (...) a lembran‡a pura, quando se atualiza na imagem lembran‡a, traz à tona a consciência de um momento único, singular, nÆo repetido, irreversível da vida. Daí, também o caráter nÆo mecânico, mas evocativo, do seu aparecimento por via da memória. Sonho e poesia sÆo, tantas vezes, feitos dessa matéria que estaria latente nas zonas profundas do psiquismo (...). (BOSI, 2007. p.49). A arte de Euridyce comove porque expäe o que nÆo se controla.

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