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Nas últimas décadas, em fun‡Æo de importantes mudan‡as econômicas e tecnológicas, o discurso médico atrelou-se ao desenvolvimento econômico, transformando a medicina num território dominado por for‡as capitalistas e mercantilistas. Nesse contexto, instalou-se uma poderosa engrenagem, na qual, a indústria farmacêutica passou a se articular à indústria do conhecimento, com o objetivo de financiar programas de pesquisa e produzir conhecimento científico. Esse trabalho baseia-se na investiga‡Æo deste papel financiador de ensaios clínicos a partir dos depoimentos de quatro médicos, professores de Medicina, co-participantes de projetos da indústria farmacêutica. Pretende contribuir na capacidade crítica e reflexiva do médico prescritor, tanto em rela‡Æo a suas práticas profissionais quanto na avalia‡Æo da qualidade do conhecimento médico apresentado como novo. Além de fornecer dados para a compreensÆo de como essa poderosa engrenagem limita a pretensa onipotência social da medicina, ao mesmo tempo em que coloniza a profissÆo médica. Trata-se de uma relativiza‡Æo de valores que clama por uma crítica revisÆo ética.

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Vera Miguelote é médica psiquiatra, formada pela UFF, e Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, que lhe concedeu o Prêmio Hésio Cordeiro de Teses e Disserta‡äes de 2008, por sua disserta‡Æo. Atuou em diversos cargos de gestÆo e assistência no Setor Público de Saúde. Atualmente exerce a prática clinica em consultório.

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