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Como gênero, o dicionário inscreve-se entre as obras de autoridade, que servem como referência para a constru‡Æo dos mais diferentes gêneros. Encerra, ainda, um discurso pedagógico, já que, por meio das defini‡äes, consulentes partilham do conhecimento detido pelo lexicógrafo. O dicionário é também um gênero múltiplo, formado por diferentes subgêneros, como o verbete e os textos de abertura (prefácio, apresenta‡Æo, detalhamento). Espécie de colônia, que agrega outros textos, define-se também por características formais bem marcadas, como a alfabeta‡Æo e a composi‡Æo por verbetes. Múltiplo por sua própria natureza e sujeito ao dialogismo da enuncia‡Æo, o dicionário é atravessado por muitas vozes e enunciadores, nÆo apenas os próprios redatores, mas também outras obras de referência, técnicas ou de outras línguas. Essas vozes sÆo costuradas pelo dicionarista, figura do discurso que gerencia os enunciados, envoltos na expectativa da neutralidade da descri‡Æo isenta. É nosso grande interesse observar em termos práticos quais sÆo as fronteiras entre o discurso aparentemente isento que se pretende que o dicionário tenha e as brechas de onde emergem outras vozes que povoam essa colônia.

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Doutora em Letras pela UERJ (2012), possui gradua‡Æo (1999) e mestrado em Letras (2002) na mesma institui‡Æo. Trabalhou como redatora lexicográfica em diferentes obras do Instituto Antônio Houaiss. Trabalhou como professora da rede municipal do Rio de Janeiro e atualmente é professora do Colégio Pedro II.

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