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No que diz respeito ao processo criativo respectivamente de Fernando Pessoa e de Woody Allen, um olhar comparatista panorâmico pode conduzir à ideia de que o primeiro fragmenta-se a si próprio em diferentes olhares e vozes, das quais aqui nos interessa, especialmente, o semi-heterônimo Bernardo Soares; o segundo estilha‡a seu olhar em vários filmes. Tanto na filmografia de Allen, como no "Livro do desassossego", nÆo se configura uma demarca‡Æo limitada e limitadora nem de tempo nem de espa‡o. Há uma escritura-processo que se caracteriza pelo deslocamento, pelo desdobramento e pelo consequente estilha‡amento que multiplica. Essa mobilidade é justamente o que possibilita a dissemina‡Æo - que se concretiza, especialmente, na fragmenta‡Æo emergente da prosa poética e do texto fílmico, na pulveriza‡Æo da voz e no esfacelamento do sujeito enunciador.

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Souto, Andrea do Roccio
Professora adjunta da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, com forma‡Æo em Letras pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, e mestrado e doutorado em Letras - Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Atua principalmente com Literatura Portuguesa, Literatura Comparada e Letramento Literário.

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