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Muito apreciada e lida na Antiguidade, a avaliar pela quantidade de testemunhos que dela nos transmitiram os autores antigos, a arte de Safo atravessou os tempos particularmente fragmentada: dela nos chegaram, com raros poemas completos, múltiplos fragmentos, resplandecentes de encanto, de espontaneidade, de frescura, como estilha‡os de cristal ou joalharia fina, a emergir, frementes de luz, numa paisagem de ruínas e destro‡os. Apesar dessa castradora mutila‡Æo, que inibe o leitor de captar o todo - num juízo definitivo e integral - a qualidade poética da obra tem o estranho condÆo de oferecer a quem a lê a capacidade de ultrapassar as incontornáveis dificuldades supostas na sua transmissÆo. Uma aproxima‡Æo à beleza fractal da poesia de Safo é o que propäe esta abordagem.

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Licenciada em Humanidades e Doutorada em Literatura Grega, Ana Paula Pinto é Professora Auxiliar da UCP (Braga), onde lecciona desde 1990. É membro integrado do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos (CEFH). Privilegia na investiga‡Æo temas de Língua, Literatura Cultura, ReligiÆo e Mitologia Clássicas, e sua recep‡Æo na Literatura Portuguesa.

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