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Roma foi uma sociedade que honrava seus antepassados, seu direito e sua história. Lá, com exe‡Æo de alguns poucos abalos, o passado parecia definir e legitimar o presente. Essa aparente estabilidade, essa visÆo da norma posta como um fato da natureza, foi almejada pelas diversas ordens jurídicas do ocidente, cada qual invocando o papel de herdeira legítima e natural de uma suposta unidade vinda da cultura clássica. Autores como Manuel Hespanha denunciam essas estratégias de legitima‡Æo como tentativas de acobertamento de uma ruptura entre o direito clássico e o contemporâneo. Na obra que se segue, sugerimos que essa cisÆo nÆo é recente, mas, pelo contrário, intrínseca ao próprio direito romano, que nÆo gozava de continuidade sequer em seu próprio tempo. Ainda que se considere o peso da tradi‡Æo, é bom lembrar que cabia a romanos vivos zelar pela memória das coisas ausentes e, de certa forma, também interpretar, ou mesmo compor, a voz póstuma dos mortos. Se há uma tradi‡Æo, seria a da própria administra‡Æo e acobertamento de diversas rupturas. Podemos ser herdeiros legítimos dos romanos. NÆo de uma ordem normativa, mas da fic‡Æo da continuidade inabalável de uma tradi‡Æo jurídica.

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Kalupniek, Alexei
O autor é formado em jornalismo pela UnB e direito pelo UniCeub. A obra é um trabalho investigativo que obteve uma bolsa de inicia‡Æo científica do CNPq. Após a publica‡Æo, foi citada em artigos e disserta‡äes de mestrado em direito e mesmo em um artigo sobre a concep‡Æo da grandeza "tempo" por acadêmicos de Física da Universidade de Passo Fundo.

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