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As mulheres nasceram predestinadas a serem mÆes semelhantes à Maria, portadora do próprio significado do amor em sua forma mais sublime, que se apresenta como instinto natural e fonte de toda constru‡Æo afetiva do filho. Diversas passagens bíblicas contribuem para a constru‡Æo desse perfil materno, refor‡ando um exemplo a ser seguido, diferentemente do de Eva e seu deslize cometido no Paraíso. Como uma constru‡Æo cultural, esse exemplo de maternidade ainda persiste apesar de se estar em plena contemporaneidade, e todo aquele que questiona esse amor inato percebe o quanto ele permanece firme no inconsciente coletivo. Em "O menino", "Verde lagarto amarelo", "A medalha" e "Uma branca sombra pálida", Lygia Fagundes Telles nos apresenta figuras maternas bem diferentes do modelo social inspirado na Virgem Maria. Ao contrário disso, as mÆes dos contos constituem o avesso desse amor, representando para os filhos um sonho utópico, distante da felicidade proporcionada pela seguran‡a da figura maternal.

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Nasceu na Bahia, em 1981. Estudou Letras e hoje é professora e dedica-se ao estudo de Literatura. Possui textos publicados em duas coletâneas de crítica literária, além de um blog em que publica suas fic‡äes.

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