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A obra romanesca de Mia Couto é o objeto da investiga‡Æo deste livro, ponto de partida para tentar compreender a contribui‡Æo do autor na afirma‡Æo do romance africano e na reconstru‡Æo da identidade de Mo‡ambique. Para tanto, o estudo discute a importância da revela‡Æo de uma paisagem oculta ao leitor, de matriz cultural e complexo entendimento. A análise mostra como a obra retrata as condi‡äes históricas e políticas de domina‡Æo e desigualdade, identificando aqui e lá um tom levemente engajado em sua escrita, tanto quanto em suas posi‡äes ideológicas, suas denúncias. Entre os temas mais destacados está o animismo africano que dá origem a uma série de circunstâncias sobrenaturais nos enredos, como uma lembran‡a constante: em µfrica, os espíritos estÆo por toda a parte, mantendo intensa rela‡Æo com os vivos. Também sÆo investigadas as estratégias narrativas deste autor, suas op‡äes regulares na composi‡Æo de enredos, personagens, nomes de personagens e epígrafes. Com base nessas marcas e em outros tra‡os comuns a todos os seus romances, descobre-se algo significativo. Mia Couto convida o leitor ao movimento constante de questionamento de suas próprias certezas.

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Ricardo Benevides é Doutor em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde leciona como professor adjunto da Faculdade de Comunica‡Æo Social. Escritor de Literatura para Crian‡as e Jovens, tem mais de dez livros publicados na área, além de outras publica‡äes nos campos da Comunica‡Æo Social e das Letras.

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