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[...] Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser novi‡a, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E come‡ou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor. A mÆe reparava o menino com ternura. A mÆe falou: Meu filho você vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios, com as suas peraltagens, e algumas pessoas vÆo te amar por seus despropósitos. Manoel de Barros

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Pedagoga e Mestre em Educa‡Æo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Especialista em LIBRAS pela FACEN - NAtal. Coordenadora Pedagógica e Assessora na Secretaria Estadual de Educa‡Æo e Cultura do RN. Professora alfabetizadora da Prefeitura Municipal de Natal. Coordenadora do Curso de Pedagogia do Instituto Natalense de Educa‡Æo Superior.

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